Cultura, integração e cooperação são as palavras que resumem o espírito do lançamento do Pontão de Cultura Kuai Tema – Integração pela Liberdade. A atividade ocorreu na noite desta quinta-feira (21), na APP Sindicato e contou com a presença de cerca de sessenta pessoas. O projeto é uma iniciativa do Coletivo Soylocoporti em conjunto com o Ministério da Cultura (MinC) e é responsável por articular os pontos de cultura do Paraná, documentar sua atuação, capacitá-los e integrá-los por meio de ferramentas de comunicação baseadas em software livre.
De modo descontraído e já dando o ambiente da noite, a Companhia de Teatro da Associação de Moradores do Salgueiro, do Sítio Cercado, fez uma apresentação teatral buscando problematizar algumas das dificuldades da vida na sociedade contemporânea. Na sequência, foi composta a mesa de abertura, que teve a representação de diversos órgãos públicos, mandatos de parlamentares e entidades ligadas à cultura, educação e comunicação.
Representando o Coletivo Soylocoporti, João Paulo Mehl deu início ao debate, explicando as razões que levaram o grupo a pleitear o convênio com o MinC para a criação do Pontão de Cultura Kuai Tema. De acordo com ele, “a cultura e a comunicação andam juntas, na medida em que se faz necessário divulgar e documentar as distintas expressões artísticas para garantir a soberania cultural e a diversidade humana. Dessa forma o papel do Pontão Kuai Tema, que é integrar e articular as iniciativas culturais em curso, vem ao encontro dos nossos ideais”.
Já o representante do Fórum de Culturas Populares, Renato Perré, enfatizou em sua fala a função social da cultura e, em especial, dos pontos de cultura. “Essa iniciativa tem a responsabilidade de levar às pessoas uma melhor condição humana. Ao nos colocarmos como interlocutores entre o poder público e a sociedade, fazemos um papel revolucionário: possibilitamos que a população fale e torne-se protagonista de sua própria história”, definiu.
Nesse sentido, o Fórum de Entidades Culturais, representado por Waltraud Sekula, parabenizou o grupo pela ousadia e colocou-se à disposição para contribuir no projeto. “Precisamos construir uma teia das iniciativas culturais paranaenses, de modo que não fiquemos isolados. Um fio é facilmente cortado, mas a teia não. Ela tem elasticidade, porém não se rompe facilmente”, refletiu.
Os trabalhos do Pontão Kuai Tema tiveram início em janeiro e devem ser concluídos até dezembro de 2009, sendo que o convênio pode ser renovado por mais um ano. É dividido em seis fases que incluem desde a implantação física e planejamento até a execução de seminários de capacitação, confecção da Cartilha da Cultura e realização do Festival de Cultura do Paraná.
Para Érico Massoli, membro do Soylocoporti e da equipe executora do projeto, o propósito é ampliar a visibilidade das pequenas iniciativas culturais no Estado, possibilitando que dialoguem entre si, troquem experiências e alcancem cada vez mais pessoas. “A cultura é um direito humano, sendo que o Estado deve disponibilizá-lo a todos os cidadãos. Esse é o entendimento do Soylocoporti e é por isto que encaramos o desafio de trabalhar pela integração das iniciativas culturais paranaenses”, resume.
Nesse momento, o grupo responsável pelos trabalhos está realizando o mapeamento das iniciativas e documentando a atuação dos pontos de cultura – o que resultará em mini-documentários e informações para a Cartilha da Cultura do Paraná. A etapa seguinte será a realização de seminários de capacitação em cada uma das macroregiões do Paraná, discutindo noções de gestão cultural, comunicação e tecnologias livres e políticas para a cultura. Por fim, em novembro, será realizado o Festival de Cultura do Paraná, que pretende reunir todos os pontos conveniados no estado (até agora 36 de acordo com o MinC), realizando oficinas, seminários, debates e apresentações artísticas.
Pontos e Pontões de Cultura – uma parceria entre Estado e sociedade civil
“Quem produz cultura é a sociedade. Cabe aos governos identificar e fomentar tais iniciativas”
É a partir dessa perspectiva que o Governo Federal e o Ministério da Cultura (Minc) lançaram em 2007 um programa de incentivo à produção cultural brasileira: o Mais Cultura. De acordo com o Minc, “o programa marca o reconhecimento da cultura como necessidade básica, direito de todos os brasileiros, tanto quanto a alimentação, a saúde, a moradia, a educação e o voto”.
A cultura é então incorporada como importante fator para o desenvolvimento do país, sendo que três premissas passam a ser observadas: a democratização do acesso e do direito de produzir cultura; o olhar atento ao mundo das tecnologias que promovem mudanças sociais e o potencial econômico da cultura.
Nesse sentido, uma das principais ações é a criação dos Pontos de Cultura – iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil que, por meio de seleção por editais públicos, firmam convênio com o Minc e ficam responsáveis por impulsionar experiências culturais que já existem nas comunidades. Atualmente, são mais de 800 Pontos de Cultura espalhados pelo país.
E é diante do sucesso e ampliação do programa que o Minc decide criar mecanismos de articulação entre os diversos pontos, compreendendo que é fundamental realizar trocas de experiências entre as iniciativas. Assim surgem as Redes de Pontos de Cultura e os Pontões de Cultura, sendo que os Pontões são os entes de integração dentro da Rede de Pontos de Cultura.
Entenda o Pontão de Cultura Kuai Tema
O Kuai Tema é fruto do trabalho do Coletivo Soylocoporti, que tem a questão cultural como uma de suas prioridades. Dessa forma, a entidade candidatou-se como Pontão de Cultura principalmente pelo reconhecimento da necessidade de articulação, integração, documentação e capacitação dos pontos de cultura já existentes no Paraná. Entende-se que a rede de pontos presente hoje no estado deve ser potencializada, de modo a ampliar o alcance e o impacto de suas ações sobre as comunidades envolvidas.
Após os trabalhos do Pontão, pretende-se deixar uma rede de comunicação articulada entre os pontos de cultura, sendo estes capazes de avaliar a sua atuação na sociedade e criar espaços de articulação própria, reconhecendo a integração como importante para sua sobrevivência.